Minha terra tem arranha céus,
e relógios que medem a qualidade do ar.
As buzinas que aqui soam,
não soam como lá.
Nosso céu tem mais helicópteros,
Nossas várzeas já não tem tantas flores,
Nossos bosques ainda preservam vidas,
Nossas vidas, ah! Essas continuam com vários amores.
Enrolando, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá.
Minha terra tem Palmeiras,
Conrinthians e o Guaratinguetá.
Minha terra tem construtores,
e obras, tais, que eu não encontro cá.
De bobeira, sozinho, à noite,
Mais programas eu encontro lá.
Na minha terra, a padoca tem pão com pingado,
Aqui, as padarias, como lá, nunca vão "cherá".
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá,
Sem que eu desfrute de um dia,
em que boa esteja a medição do ar.
Sem que eu deixe de ouvir as buzinas,
me apressando para a faixa atravessar.
Morre um homem.
Perde-se um político duvidoso.
Descobre-se um santo.
Aparecem: críticos,
especialistas, revolucionários,
reacionários e conspiracionistas.
Esperanças desaparecem, nascem oportunidades.
Nascem novas esperanças, perdem-se velhas oportunidades.
Famílias choram, outros riem.
milhões menos seis: comédia.
seis mais Um: tragédia.
No próximo ato recomeça...
Perdi uma poesia!
Que coisa mas incomum de se dizer.
Mas é que isso nunca havia me acontecido,
é uma sensação estranha, um sentimento esquisito!
Eu me lembro: já perdi a hora, as meias, o rumo e até a razão,
mas uma poesia, eu nunca havia perdido.
Já perdi a paciência, o controle, as chaves de casa, e os fones de ouvido,
mas uma poesia (veja só), eu nunca havia perdido.
Já perdi amigos, parentes, moedas, clips, dentes (até o siso),
mas uma poesia, eu nunca havia perdido.
Já havia perdido oportunidades: de empregos, de beijos, abraços, de falar, de ficar calado, de ter dormido (mais!), de ficar e de ter ido, mas uma poesia, eu... eu...
...essas, eu não lembrava de ter perdido!
Que coisa mas incomum de se dizer.
Mas é que isso nunca havia me acontecido,
é uma sensação estranha, um sentimento esquisito!
Eu me lembro: já perdi a hora, as meias, o rumo e até a razão,
mas uma poesia, eu nunca havia perdido.
Já perdi a paciência, o controle, as chaves de casa, e os fones de ouvido,
mas uma poesia (veja só), eu nunca havia perdido.
Já perdi amigos, parentes, moedas, clips, dentes (até o siso),
mas uma poesia, eu nunca havia perdido.
Já havia perdido oportunidades: de empregos, de beijos, abraços, de falar, de ficar calado, de ter dormido (mais!), de ficar e de ter ido, mas uma poesia, eu... eu...
...essas, eu não lembrava de ter perdido!